A necessidade da oração!

domingo, 17 de março de 2013



A questão que surge é: Se Deus sabe todas as coisas, por que então orar? Calvino responde:

"...os que argumentam desse modo não vêem a que fim o Senhor instituiu a oração para os Seus. Porque não a estabeleceu por Sua causa, mas em atenção a nós. Porque, embora Ele esteja sempre em vigilância e faça constantemente a ronda para nos preservar, mesmo quando somos tão tolos e obtusos que não percebemos os males que nos rodeiam, e embora por vezes Ele nos dê socorro antes de ser invocado, todavia nos é necessário suplicá-lo constantemente." [1]

Portanto, devemos orar:

1 - "A fim de que o nosso coração seja inflamado de um veemente e ardente desejo de buscar, amar e honrar sempre a Deus, o que nos fará habituar-nos a ter nele o nosso refúgio em todas as necessidades, como o único porto de salvação". [2] Assim que as tentações nos assaltarem, que oremos sempre para que Deus faça a luz de sua verdade resplandecer sobre nós, a fim de que, recorrendo a invenções pecaminosas, não nos desviemos e perambulemos por desvios e caminhos proibidos." [3]

2 - "A fim de que o nosso coração seja tocado de algum desejo, que nem sempre Lhe ousamos confessar de imediato, como quando expomos diante dos Seus olhos todo o nosso afeto e, por assim dizer, desenrolamos e abrimos todo o nosso coração perante Ele." [4]

3 - "A fim de que sejamos habilitados a receber Suas bênçãos com verdadeiro reconhecimento e ação de graças, visto que pela oração somos advertidos de que elas nos vêm da Sua mão." [5]

4 - Além desses motivos, este: "A fim de que, tendo obtido o que pedimos, tenhamos em consideração o fato de que Ele nos atendeu e, por isso, sejamos incitados a meditar mais ardorosamente em Sua benignidade. E também tenhamos mais prazer em gozar os benefícios que Ele nos faz, tendo em mente que os obtivemos por meio das nossas orações. Finalmente,  fim de que a Sua providência seja confirmada e aprovada em nosso coração, na medida da nossa pequena capacidade, sendo que nós vemos que Ele não somente promete jamais abandonar-nos, mas também nos dá acesso para buscá-lo e Lhe fazer súplicas quando há necessidade." [6]

De forma figurada, Calvino diz que "o coração de Deus é um 'Santo dos Santos', inacessível a todos os homens", e é o Espírito quem nos conduz a ele. Ele entendia que "com a oração encontramos e desenterramos os tesouros que se mostram e descobrem à nossa fé pelo Evangelho" [7], e que "a oração é um dever compulsório de todos os dias e de todos os momentos de nossa vida". [8] Mais: "Os crentes genuínos, quando confiam em Deus, não se tornam por essa conta negligentes à oração". [9] "A oração tem primazia na adoração e no serviço a Deus". [10] Daí o conselho: "A não ser que estabeleçamos horas definidas para a oração, facilmente negligenciaremos a prática". [11] No entanto, devemos ter sempre presente que é o Espírito "Quem deve prescrever a forma de nossas orações." [12] "Agora, quando é necessário, e de quantas maneiras o exercício da oração é útil para nós, não se pode explicar satisfatoriamente com palavras." [13]



Por Rev. Hermisten Maia
__________________
Notas:

[1] - As Institutas (1541), III .9.
[2] - Idem
[3] - O Livro dos Salmos, vol. 1, p. 542.
[4] - As Institutas (1541), III.9.
[5] -  Idem
[6] - Idem
[7] - As Institutas (1541), III.20.2.
[8] - O Livro dos Salmos, vol.2, p. 410.
[9] - Idem, vol. 1, p. 633. Cf. tb. As Institutas, III.20.1.
[10] - O Profeta Daniel: 1-6, vol. 1, p. 371.
[11] - Idem, p. 375.
[12] - Exposição de Romanos, p. 291.
[13] - As Institutas (1541), III.9.

Fonte: Rev. Hermisten Maia - Fundamentos da Teologia Reformada, Editora Mundo Cristão, pags. 124-126. 
Divulgação: Bereianos

Eu estou indo para sempre!

sábado, 2 de março de 2013



Em 23 de agosto de 1683 - um dia antes de morrer - John Owen (Um gigante na história da igreja) ditou uma carta final para seu amigo Charles Fleetwood. Parte dela diz:

Eu estou indo para Ele a quem a minha alma tem amado, ou melhor, que me amou com um amor eterno, que é todo fundamento de toda minha consolação. A passagem é muito cansativa e sofrida, através de fortes dores de vários tipos que são acompanhadas de uma febre intermitente... Eu estou deixando o navio da igreja em uma tempestade, mas enquanto o grande piloto está nele a perda de um pobre remador será desprezível.

Apesar de ser um dos maiores nomes na história da igreja neste mundo, John Owen entendeu, como todos devemos entender, que depois de vivermos totalmente para Deus aqui, devemos partir em paz sabendo que é Deus quem edifica e guarda sua igreja e não nós. Somos apenas pobres remadores. O capitão levará o barco até o porto: “Eu edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não poderão vencê-la.” - Mateus 16:18 – Ele edifica e garante a entrada de cada santo, cada homem regenerado que compõe a Sua igreja, na glória: “Àquele que é poderoso para impedi-los de cair e para apresentá-los diante da sua glória sem mácula e com grande alegria, ao único Deus, nosso Salvador, sejam glória, majestade, poder e autoridade, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor, antes de todos os tempos, agora e para todo o sempre! Amém.” - Judas 1:24-25

Somos apenas remadores, talvez não como John Owen foi, mas ainda assim remadores. Remem enquanto esse é o tempo determinado para nós fazermos isso. Depois Ele nos receberá na glória e continuará edificando Sua igreja.

Por Josemar Bessa

Fonte: Josemar Bessa

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