A vida é a arte do encontro

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Vinicius de Moraes foi quem disse a frase do título no meio do Samba da Benção, linda canção do poeta e diplomata. Ele ainda completou dizendo: “embora haja tanto desencontro pela vida”. A vida só faz algum sentido por conta de nossos encontros e desencontros.



Quando criança tudo o que se quer é o conforto do colo materno, a segurança do abraço paterno e a alegria dos momentos fraternos descontraídos. Sair correndo para abraçar o pai, a mãe ou mesmo o tio na porta da escolinha é uma celebração. A celebração do encontro. Cedo aprendemos a celebrar esses momentos mágicos e cheios de afetos que são os encontros com os que amamos.


A adolescência chega e já não se quer a presença tão próxima dos pais, agora o encontro é outro, o primeiro amor, a primeira paixão. Ah, como é esperada a hora de ir para escola para ver a garota que faz sentir um frio no estômago, os batimentos cardíacos acelerarem e a boa secar. O primeiro amor é celebrado num mundo que se revela pleno de sentimentos. Mas como há tantos desencontros pela vida, na maioria das vezes aquele primeiro amor se desfaz e o mundo desaba. Mas outros virão.

Amigos, os encontros que duram a vida inteira. Como são raros, mas como são preciosos. O bom amigo não cobra a sua presença, mas parece estar sempre presente. Sabe se ausentar quando necessário e sabe estar presente quando se precisa dele. Mesmo quando se distanciam e ficam anos sem se falarem pessoalmente, quando se vêem os verdadeiros amigos celebram, sem cobranças, e continuam a conversa de onde tinham parado da última vez que se viram. É uma pena que haja distanciamentos, que amigos se afastem, e, às vezes, virem até inimigos.

E quando achamos uma pessoa a quem amamos e que nos ama também e percebemos que queremos estar com aquela pessoa todos os dias, a vida inteira? Que coisa fantástica. Daí a vida é só encontro. Nem sempre dá certo, mas vale à pena tentar.

Em meio a todos os encontros e desencontros, há Um que deseja se encontrar conosco, mas insistimos em pegar rotas outras. Ainda bem que Ele está em todos os caminhos. Bom é ter sensibilidade para perceber no sorriso carinhoso da criança, no olhar embevecido do apaixonado, no abraço afetuoso do pai e no colo sempre disponível da mãe, além de um momento especial com as pessoas que amamos, um encontro com Aquele que nos ama. Deus é amor. Se nossos encontros são celebrações de amor, também são reveladores da sutil presença dEle.

Eu sei, às vezes parece que Ele é quem se afastou de nós. Até o crucificado perguntou o porquê do abandono. Mas são momentos em que é necessário estar só. Acredite, eles são necessários. Bom é saber que chegará o dia em que nosso encontro com Ele será definitivo e não haverá mais desencontros.

Até lá, vamos fazendo nossa vida ter sentido nos aprimorando na arte do encontro.


Márcio Rosa da Silva

O verbo "ser igreja"!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O verbo "Ser Igreja". Talvez não seja fácil conjugá-lo nem também explicá-lo, por ir além das imponentes catedrais ou das simples residências, onde a igreja costuma historicamente se reunir; por extrapolar os formatos litúrgicos, quer mais ou menos solenes, a que a igreja costuma frequentemente se deter; por não se limitar a apenas um momento ou a um dia sagrado, como a igreja costuma tradicionalmente guardar; por independer das estruturas organizacionais e hierárquicas a que a igreja costuma fortemente se adequar; por não resumir a audição a apenas um elemento humano falando em nome de Deus, como a igreja costuma atentamente ouvir; por não está necessariamente ligado a um nome ou denominação, como a igreja costuma alegremente se apresentar; e até por se espelhar no simples exemplo de vida de Jesus mais do que nos regimentos institucionais internos ou nos conceitos teológicos humanos, nos quais, a igreja, ao longo do tempo, resolveu fortemente se embasar.






É como se tivéssemos que, de repente, passar a conjugar um verbo cujo sentido aceitamos, com as melhores intenções buscamos praticar, mas que pelo simples fato de termos nascido num contexto que o verbaliza de forma inconscientemente inadequada, desgastada pelo tempo e corrompida pelas idéias, não conseguimos, tornando-se assim difícil de entender.





Como, então, viver sem dia e local específicos para se cultuar? Ou sem uma ordem litúrgica para se ocupar? Ou ainda sem estrutura para se organizar, ou hierarquia para se empoderar? Onde estariam os especialistas para dar orientação? Ou, os guias para conduzir a celebração? A quem prestar contas? Quem seria a tão falada cobertura espiritual? E que tal a expressão "guarda-chuvas"? É como se tivéssemos nascido numa caixa, da qual viver fora parece ser não só inadequado ou talvez inaceitável, mas simplesmente impossível e abominável ao Pai.





De fato, conjugar o verbo ‘Ser igreja’ é algo muito mais simples do que aquilo que temos aprendido com as nossas elucubrações religiosas milenares. Mesmo sendo difícil conseguir ‘sair da caixa’ e, em seguida, viver fora dela, para aqueles que o conseguem, um imenso oceano se abre à frente como se antes vivessem na medida de um pequeno aquário. O culto passa a acontecer todo dia e em todo lugar, das mais cotidianas das situações às reuniões mais solenes. O senso de pertencimento passa a extrapolar os listões de membresia e os guetos das igrejas chamadas locais, enxergando-se melhor o reino de Deus.





O evangelismo deixa de ser um plano de conquista de novos adeptos para tornar-se um testemunho de vida diário, com atitudes e, se necessário, com palavras, objetivando tão somente transmitir o crucial plano de amor do Pai para a vida do filho perdido.





A ação social deixa de ser um desencargo de consciência através de uma transferência financeira para uma ONG ou instituição religiosa, para tornar-se responsabilidade pessoal com os menos favorecidos que estão mais próximos. O discipulado passa a ser um ensino no caminho muito mais do que sobre o caminho, prazeroso privilégio voltado primeiramente aos nossos próprios filhos no convívio do lar. As relações líderes/liderados passam a ter base muito mais numa autoridade de vida cheia do Espírito, que gera serviço, do que em cargos eclesiásticos outorgados por instituições, que produzem controle e manipulação. Os métodos, sistemas e modelos estruturais ou organizacionais perdem a sua razão de ser, passando a valer muito mais o sentido de organismo, pelo simples fato de estarmos juntos, em encontros mais amigáveis e familiares do que solenes, e que acontecem nos mais diversos lugares, como residências, empresas, escolas, condomínios, hospitais, velórios, restaurantes, lanchonetes, praças de alimentação, quando espontaneamente os dons se manifestam e todos cuidam uns dos outros, orando, aconselhando, confessando, perdoando, socorrendo, amando, hospedando, encorajando, liderando, ensinando, exortando, profetizando, ofertando, e muito mais, num processo de edificação mútua tão bem relatada no novo testamento, mas nem sempre enxergada por nós, face à cegueira causada pela nossa indesejada e real religiosidade.





A forma de conjugação do verbo está escrita, embora tenhamos imensa dificuldade em lê-la. Talvez porque exija, em alguns momentos, a possível inexistência de, por exemplo, um período de louvor. O que seria, então, dos dirigentes? Ou da pregação. O que seria dos pastores? Ou do estudo bíblico? O que seria dos mestres da Palavra? Ou do ofertório? O que seria do movimento financeiro? E por que também não perguntar: o que seria de nós, se dependemos muitas vezes de cada um desses elementos? Conseguindo conjugar o tal verbo, certamente cada um dos ministros de louvor ou da Palavra, ou nós mesmos, seríamos simplesmente, igreja.





Habitando entre nós, Jesus provou saber muito bem conjugar este verbo. Mesmo antes dos acontecimentos relatados no livro de Atos, Ele costumava estar sempre à mesa com irmãos para desfrutar de ceias fartas de alimento, comunhão e amizade, sempre regadas a um bom vinho, elemento que ele aproveitou do cotidiano judeu, para utilizar como símbolo, juntamente com o pão, a fim de que, até a Sua volta, recordássemos e anunciássemos o Seu sacrifício na cruz "todas as vezes" que nos reuníssemos. Naquela mesma ocasião, com os doze primeiros discípulos dessa eterna comunidade, ele nos deixava o exemplo.





No dia em que um reconhecido pastor, ao tentar me elogiar, afirmou que eu sabia "fazer igreja" muito bem, a minha boca calou e o meu coração se incomodou diante do seu grande equívoco. Não deixava de lembrar que certamente essa é uma tarefa do Espírito, não minha. Com o tempo, tal inquietação teve resposta no meu coração descobrindo que, primeiro, existe uma caixa; segundo, que é possível sair dela, apesar de um forte preço; e, terceiro, que como a ideia por si só traduz, é maravilhosamente libertador. Aprendi a não querer inconscientemente ser o Espírito Santo, na tentativa de ‘fazer igreja’, mas a buscar a Sua ajuda para conseguir conjugar o verbo ‘Ser Igreja’.



Cristianismo Criativo

Religião Não Salva Ninguém

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Qual a sua opinião a respeito desta afirmativa?
Você acredita que a sua religião vai lhe conduzir a Deus após a morte?
Afinal qual é o propósito autêntico da religião?

A palavra Religião tem o seu sentido original de “Religar”. O seu sentido é real e verdadeiro. Vejamos, o homem foi separado de Deus por conta do pecado. Deus criou o homem para viver em perfeita harmonia com ele, pois este foi criado para louvor da sua glória, no entanto, o pecado de desobediência cometido por Adão quebrou um relacionamento entre Deus e homem, o criador e a criatura. Em Isaías 59:2 vemos, Isaías 59:2 Pois são os pecados de vocês que os separam do seu Deus, são as suas maldades que fazem com que ele se esconda de vocês e não atenda as suas orações. O texto deixa bem claro o quanto Deus abomina a pratica pecaminosa, desta forma o homem afogado em sua vida de pecado foi separado de Deus.
A idéia de religião é por si valiosa, só que, até a vinda de Jesus esta não estava atingindo o seu objetivo, a religião com seus rituais e costumes não estava levando o homem a um reencontro com Deus. A religião em si é benéfica, todavia, se ela não consegue conduzir seus seguidores a uma vida dentro da expectativa divina, ela se torna apenas um sistema de ritualismo que nada influencia, desta forma ela perde sua característica de abençoar e torna-se prejudicial, seus seguidores engana-se a si mesmo pensando está agradando a Deus.
O propósito de Jesus não era trazer uma nova religião, mas um estilo de vida dentro do que Deus esperava, “obediência”. A palavra chave de uma religião que tem como objetivo torna o homem a um relacionamento saudável com Deus é esta. Não obediência a preceitos do homem, mas as verdades de Deus expressas na bíblia.
Jesus diz o seguinte em Mateus 22:29 Respondeu-lhes Jesus: Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus. É evidente que a desobediência ocorre da falta de conhecimento de alguns que pensa que só ter uma religião é o suficiente. Se a sua religião não tem lhe aproximado de Deus e você sente que a distancia que existe entre você e Ele é muito grande, quero lhe mostra alguns passos para esta aproximação, que também podemos chamar de reconciliação, vejamos:
Tomar conhecimento da real situação do homem. A palavra de Deus em Romanos 5:12 Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram. E ainda mais em Romanos 6:23 porque o salário do pecado é a morte. Logo todo homem está condenado a morte espiritual que é viver longe de Deus eternamente.
Tomar conhecimento da provisão de Deus para salvar o homem. Em João 3:16 Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. O homem por si mesmo não podia fazer nada para se salvar. Em Hebreus 9:22 diz: De fato, quase tudo é purificado com sangue. E, não havendo derramamento de sangue, não há perdão de pecados. Nem mesmo sacrificar a si mesmo, pois o seu sangue não servia. Só Cristo Jesus poderia fazer este sacrifício e fez.
Crer no que Deus fez em Cristo por você. Em João 3:18 diz: Aquele que crê no Filho não é julgado; mas quem não crê já está julgado porque não crê no Filho único de Deus. Crê é ter convicção de que o que foi feito na cruz foi manifestação do amor de Deus por você. Ainda mais, João 5:24 Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida.
Arrepende-se de seus pecados. O arrependimento nasce no coração daquele que entende esta verdade de Deus. Atos 2:38 Pedro respondeu: -Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo para que os seus pecados sejam perdoados, e vocês receberão de Deus o Espírito Santo.
Receba no seu coração esta verdade tomando uma decisão. João 1:12 diz: Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome. Esta é uma decisão que só você pode tomar, ninguém mais pode fazê-la por você. Se você acredita que Deus está te chamando faça uma entrega de sua vida para Ele, diga: Senhor quero está perto de ti, sei que sou um pecador e preciso de tua graça, receba-me, pois eu creio no que o Senhor fez por mim, obrigado, Amém.

Porque sei que vou passar

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

De repente, sempre de repente, dou de cara com a mais bruta realidade: vou passar. As páginas de meu livro estão se esgotando; os leves estalos de meu relógio, silenciando. A lua não passará por muitos outros eclipses antes de meu sono derradeiro. De dentro, ouço a incessante ladainha: Vou passar, vou passar, vou passar...


Sei que vou passar. Prometo pular da cama na segunda-feira sem a obrigação de mudar o mundo antes que chegue o sábado. Inconformado com roteiros alheios, prometo não apostar corrida com este maldito calendário que, ultimamente, anda tão apressado. Prometo ser mordomo do dia e vigiar para que a existência não desapareça em fatias semanais; que as semanas não se diluam em meses; que os meses não se esfarelem em anos; e que os anos não se acabem em décadas.

Sei que vou passar. Prometo não negar aos meus olhos a deliciosa lembrança da professorinha de matemática de minha adolescência. Mariazinha tentou ensinar-me equações do terceiro grau enquanto meus olhos apaixonados se concentravam na geometria do seu corpo. Prometo remontar aqueles dias quando desconhecia moralismos e tabus religiosos que, depois, assassinaram as minhas paixões adultas.

Sei que vou passar. Prometo recuperar o tempo que desperdicei sem ler. Vou continuar a escolher com apuro os bons escritores. Já aprendi com Machado de Assis a lembrar-me que a hipocrisia social é avassaladora; e que só conseguimos ser honestos sobre a vida se escrevêssemos “Memórias Póstumas”. Graciliano Ramos me ensinou sobre a miséria que condena o pobre a menos que uma cadela – a Baleia de "Vidas Secas". Fernando Pessoa, meu poeta maior, me conduziu à coragem de enfrentar a angústia existencial mesmo quando produz "Desassossego". Com Dostoievski aprendi que um Raskolnikov, ambiguamente assassino e redimido, habita em cada um de nós. Victor Hugo me fez descobrir Cristo na vida de Jean Valjean, o egresso das galés, que ama sem conhecer limites.

Sei que vou passar. Prometo continuar correndo longos quilômetros. Vou continuar a encharcar a camisa de suor por pura diversão. E quando beber água de coco e alongar os músculos doloridos trarei um leve sorriso de contentamento. Hei de manter ares de campeão nas maratonas, São Silvestres e em todas as corridas de rua que participar. Ao pendurar a medalha de participação no peito, vou deixar que um santo orgulho enrubesça o meu rosto.

Sei que vou passar. Prometo contar para os netos as histórias de meus pais. Ao narrar o que vivenciei de um passado que já não existe, transmitirei o legado de nossa família . Quero entregar a eles a carteira de Atleta do Corinthians do papai; meus netos se tornarão os futuros guardiões de uma relíquia sagrada. O poema que minha mãe escreveu em uma tarde triste continuará na parede do meu escritório. Prometo nunca riscar da memória o sorriso melancólico da mulher que me deu colo e peito.

Sei que vou passar. Prometo a brindar o vinho como liturgia divina, que celebra a aliança de amigos. Vou considerar a hora em que a lua tinge o dia de prata como a melhor hora do dia. Prometo ser amigo da noite, vizinho do silêncio e parceiro das madrugadas solitárias.
Sei que vou passar. Prometo ser inteiro no que fizer, amigo fiel, bondoso com o desconhecido e terno na hora dos tropeços dos outros. Vou procurar indignar-me com a injustiça; reverenciar os pacificadores, só eles são chamados filhos de Deus.


Sei que vou passar. Prometo encher a minha aljava com a delicadeza das rosas, a irreverência dos colibris, a folia dos golfinhos, a calma do jabuti, a imponência dos carvalhos e o renascer das marés. Procurarei trazer nos lábios, mesmo diante da grande crueldade, um sorriso sempre a dizer "sou feliz".


Soli Deo Gloria
Ricardo Gondim

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